DISCLAIMER: Assumo desde já que, nas duas emissões anteriores, coloquei algum dinheiro nos referidos empréstimos por considerar que têm sido uma boa aplicação financeira (pese embora o risco associado).
Fazendo umas contas de merceeiro e não contabilizando as comissões bancárias que os bancos emitentes cobram nestes processos (e que rondam uma percentagem entre 2% e 5% do valor do empréstimo e mais um conjunto de obrigações que preferencialmente lhes são atribuídas, mesmo havendo rateio):
O 1º empréstimo de 20 milhões (juros de 6% ao ano), efectuado em 2007, terá custado ao clube:
Ano 2008 - 1.200.000,00 € (apenas em juros)
Ano 2009 - 1.200.000,00 € (apenas em juros)
Ano 2010 - 21.200.000,00 € (juros e amortização dos 20 milhões)
O 2º empréstimo de 40 milhões** (juros de 6% ao ano), efectuado em 2010, terá custado ao clube:
Ano 2011 - 2.400.000,00 € (apenas em juros)
Ano 2012 - 2.400.000,00 € (apenas em juros)
Ano 2013 - 42.400.000,00 € (juros e amortização dos 40 milhões)
** Sobram para investir no clube apenas 18.800.000,00 € depois de pagas as obrigações do empréstimo anterior
O 3º empréstimo de 80 milhões***, aprovado hoje, terá uma taxa de juro bruta a rondar os 6,5% ou 7% e irá custar ao clube
Ano 2014 - 5.200.000,00 € (apenas em juros)
Ano 2015 - 5.200.000,00 € (apenas em juros)
Ano 2016 - 85.200.000,00 € (juros e amortização dos 80 milhões)
Ano 2015 - 5.200.000,00 € (apenas em juros)
Ano 2016 - 85.200.000,00 € (juros e amortização dos 80 milhões)
*** Sobram para investir no clube apenas 37.600.000,00 € depois de pagas as obrigações do empréstimo anterior
Prevejo desde já que vamos precisar entre 100 a 120 milhões no ano de 2016 e que devem voltar a ser conseguidos via novo empréstimo obrigacionista. Não faço juízos de valor sobre a operação porque até pode ser menos onerosa esta via (tendo em conta os constrangimentos que a banca nacional e internacional actualmente vive). Mais, se este empréstimo servir para abater passivo e eliminar dívidas com taxas de juro superiores, então faz ainda mais sentido este caminho porque estamos a pagar menos dívida e dívida mais cara! Logo o ser positivo ou não depende de muitos factores aos quais não temos acesso.
Agora uma taxa de juro deste calibre obrigava a SAD do clube a ter um crescimento nos resultados líquidos anuais pelo menos idêntico a essa taxa de juro para poder cumprir as obrigações sem hipotecar ainda mais o futuro.
Vamos ver o sucesso da operação (penso que vai correr bem para o clube, até porque a taxa de juro é competitiva face ao que existe no mercado). Há o risco de incumprimento mas comparando com um depósito a prazo a rentabilidade é maior. E nos depósitos bancários corremos sempre o risco de acontecer como aconteceu em Chipre...
Penso que a SAD tem que inverter este caminho e não é com empréstimos sucessivos que se resolve a questão (que aumentam ainda mais o passivo). Mais uma vez a operação como um todo tem que obter outro tipo de resultados, até porque a UEFA vai impor regras muito fechadas em termos de rigor financeiro já a partir do próximo ano (vamos falar disso aqui dentro de dias).
Saudações benfiquistas
Pedro Martins