Três conceitos fundamentais para explicar um rotundo NÃO à proposta de Joaquim Oliveira e seus pares.
O Benfica é, desde há muito, a melhor marca nacional, a que mais vende e a que mais negócio gera ao seu redor. Não sou eu que o digo, até porque seria suspeito, mas diversos especialistas na matéria. Basta perceber que qualquer modalidade desportiva tem um valor se o Benfica lá estiver e outro, inferior, se não estiver. A prova disso mesmo está no Basquetebol quando o Benfica abandonou a LCB, a Liga Profissional, provocando a sua derrocada. O poder da Marca Benfica está, não apenas naquilo que o clube ganha mas, sobretudo, naquilo que dá a ganhar aos que lhe estão associados.
Luís Filipe Vieira e seus pares cedo perceberam que o caminho era este, o de fortalecer a Marca Benfica e dotá-la de capacidade e ferramentas que a valorizassem ainda mais. Neste aspecto a Benfica TV veio revolucionar o panorama e dotar os dirigentes de uma capacidade negocial até aqui inexistente. O que fizeram foi criar uma alternativa ao Monopólio que domina(va) o futebol, ou melhor, o desporto nacional. Deixou de ser uma questão de números e passou a ser uma questão de poder. E é aqui que reside a questão. O futebol é um negócio e um jogo de poder onde, desde a década de 80, vigora um monopólio tentacular que tem, beneficiado, e de que maneira, os apaniguados oliveiristas. Ao recusar a proposta o Benfica está a abalar a estrutura do monopólio e a retirar valor ao seu negócio. Menos receita nas assinaturas do canal, menos receitas de publicidade em antena, menos receitas de publicidade estática, tudo resulta em menos poder. E é de poder que se trata, não tenham dúvidas.
O que o Benfica está a fazer, não é uma renúncia aos propalados 111 milhões, mas sim uma renúncia à exclusividade que a Olivedesportos detinha e negociava. É na exclusividade que reside o segredo do negócio. O Benfica de uma vez só retira o poder da exclusividade à SportTv e chama a si a exclusividade da sua Marca entre portas. Diminui o valor dos direitos da Liga no seu todo e transfere para si a possibilidade de negociar, em exclusivo, os jogos que realizar no seu reduto. Como disse LFV, não se trata de quanto é que o Benfica quer pelos direitos mas sim de quanto é que a Olivedesportos perde, ao todo, por não ter o Benfica. Em 2ºs e terceiros direitos de transmissão (TVI, televisões estrangeiras, etc), em assinaturas que irão perder e, por conseguinte, em verbas junto dos operadores (Meo, ZON, etc.), em publicidade directa em antena, em publicidade estática, etc., etc.. E repito que este é apenas o começo da bola de neve. Sem a exclusividade na totalidade dos jogos e sem a Marca de referência, as receitas de televisão a dividir pelos clubes irão ser menores, consequentemente os patrocínios à LPFP também se irão ressentir e logo menos dinheiro, menos poder.
Cabe ao Benfica, a partir de agora, potenciar a sua Marca e, sobretudo, saber transformar em negócio esta oportunidade. A exclusividade passa a ser agora um bem valioso que deverá ser rentabilizado. Aumentar audiências, publicidade, assinaturas e pay per view, direitos… Enfim, uma infinidade de possibilidades se abrem ao Benfica para transformar a renúncia a 22 milhões por ano numa conquista de uma verba superior, bem superior.
Resumindo, Marca mais forte, fim de Exclusividade, machadada no Monopólio e redução do Poder instituído. Um simples NÃO que poderá, deverá, mudar as regras do negócio como o conhecíamos desde os anos 80 e repor alguma verdade e equilíbrio de poder no futebol português. António Oliveira já o disse. Ou alguém tem dúvidas que a ascensão de Joaquim Oliveira e Pinto da Costa se deu de mãos dadas?
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