Uma equipa que tenha feito uma primeira metade da época abaixo das expectativas por não ter contratado os jogadores certos na pré-época ou por ter perdido mais do que devia, dificilmente consegue recuperar com a contratação de "craques" em Janeiro.
O Sport Lisboa e Benfica é um exemplo crasso disso, bastando lembrar as negras épocas da década de 90 onde chegavam jogadores "aos magotes", contando-se pelos dedos das mãos os que valiam de facto a pena. Isto prende-se com várias razões:
- Os bons jogadores estão nos seus clubes, dificilmente saiem por si ou pela entidade onde estão. Exceptuam-se os que fizeram uma excelente primeira parte da época em clubes pequenos e pretendem "dar o salto". Mas mesmo estes dificilmente rendem o que se pretende porque têm que se habituar a uma nova realidade (clube, treinadores, colegas, competições, cidades ou países novos).
- O "Mercado de Inverno" serve mais aos agentes e aos jogadores insatisfeitos que precisam desta janela para corrigir más opções ou salvar a época com uns movimentos adicionais. Serve ainda para dirigente e presidentes "fazerem figura", acalmando as hostes insatisfeitas pelos maus resultados com a contratação "daqueles" nomes sonantes que custam dinheiro mas raramene trazem resultados.
- Mesmo que se consiga trazer um craque nesta altura, mesmo que ele se enquadre na equipa e comece a jogar melhor do que os que já estão, o tempo de progressão é muito limitado.
Como tal, o mercado de Inverno deve ser evitado a todo o custo a não ser para:
- Colmatar uma posição em que não haja alternativas válidas (por motivos técnicos ou por lesão)
- Contratar jogadores já a pensar na próxima época, oriundos de mercados que estão agora no defeso (ex: América do Sul). Temos bons exemplos recentes deste tipo de movimento em que se contratam jogadores que terminaram o seu contrato, que podem até fazer mais alguns meses no seu clube actual mas que irão apresentar-se na nossa pré-época.
- Fazer rodar jovens ou jogadores que precisam de jogar mais e que estão tapados no nosso clube
- Renovar e potenciar o actual plantel: mais do que vender quem não está bem ou comprar quem pode nem vir a mostrar valor, esta altura pode e deve ser usada para procurar motivar quem já cá está. Isto pode fazer-se com uma renovação de contrato, um aumento salarial ou pura e simplesmente com a recusa de vender (mostrando ao jogador que acreditamos nele até ao fim da época).
Para mim as renovações de Saviola, Maxi e (espera-se) de Aimar são as grandes contratações de Inverno. Tudo o resto é folclore e não interessa. Quanto a Ruben Amorim e Enzo Perez, cesto da gávea com eles para mostrar, pelo exemplo, que há uma disciplina, um conjunto de regras iguais para todos. E que nenhum jogador, treinador, dirigente ou funcionário do clube estão acima do Sport Lisboa e Benfica.
M.
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