Quando liguei a televisão e me sentei a ver o jogo julguei que me tinha enganado e que aquela era uma reposição de um jogo do passado recente. Do outro lado do campo estavam uns rapazes que vestiam de azul e branco e cujos dirigentes são conhecidos por estarem envolvidos num escândalo de corrupção. Mais desconfiado fiquei quando o árbitro deixou por assinalar penalties evidentes a favor do Benfica. Fui confirmar e, afinal, era mesmo uma equipa turca. Até porque, ao que parece, ali os corruptos foram mesmo presos. Detalhes!
Não vou fazer análises individuais até porque isso é o que todos temos tendência para fazer. Arranjar ídolos e bodes expiatórios desde o início. Tentarei não o fazer porque o futebol é um desporto colectivo e o resultado é sempre fruto do trabalho de todos e não de um rasgo de génio ou de um lance menos feliz. Esses são sempre, e apenas, um momento do jogo que pode ser decisivo mas que surge em consequência das acções do conjunto. E, neste jogo, colectivamente, o Benfica foi uma equipa inteligente e pragmática que compreendeu não ter ainda fôlego para jogar de forma intensa durante toda a partida. Foi uma formação que geriu os tempos de jogo de forma eficaz, acelerando nas alturas certas e não permitindo grandes veleidades ao Trabzonspor. Essa é a melhor indicação que podemos ter desta equipa: Consciência dos seus pontos fortes e pontos fracos e concentração nos detalhes.
Temos também a tendência para entrarmos em estados antagónicos com a maior das facilidades, reagindo emocionalmente a um resultado bom ou a uma exibição negativa. Não sabemos ser pacientes. Compreende-se. Somos Benfica e queremos sempre mais. Mas sermos pacientes é um trunfo. Dá-nos a tranquilidade para vermos tudo de forma mais objectiva sem nos precipitarmos em julgamentos extemporâneos. O ano passado fomos traídos pela euforia inicial e rapidamente passámos para um estado de negativismo que nos retirou clarividência, colocou pressão nos nossos e nos prejudicou na ponta final. Afinal, lutámos por todas as competições, perdemos jogadores importantes numa altura decisiva e só caímos por manifesto azar e porque, uma vez mais, fomos rasteirados diversas vezes fora de campo. Detalhes!
Temos que nos habituar a estar sempre no olho do furacão. Nós gostamos de ganhar. Os outros preferem as nossas derrotas às suas vitórias. E quando ganhamos não é por sermos aquilo que sempre fomos: melhores. É porque o adversário não presta ou porque fomos levados ao colo ou por qualquer outra razão, atmosférica ou condicional que, por acaso jogou a nosso favor. Muitos esperavam que escorregássemos, que não vencêssemos. Mas triunfámos. E lá está: não brilhámos, coitados dos turcos, com um nome estranho, não valem nada, “era melhor se não ganhássemos”. Pois bem, quanto a turcos e de nome esquisito, houve um tal Genclerbirligi que já ganhou 3-0 em Lisboa, e estes vice-campeões turcos são treinados pelo homem que levou o seu país ao 3º lugar no mundial. Detalhes!
Ganhámos! Jogámos bem, de forma inteligente e equilibrada, escondendo as fragilidades que ainda existem, explorando eficaz e eficientemente os nossos pontos fortes e a qualidade existente no plantel. E sobretudo, temos soluções e ficamos com a sensação que, se uma águia não poder, outra voará no seu lugar.
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