quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Fernando Seara



Corria o ano de 1994, pelo início do mês de Outubro. O Benfica tinha sido campeão há uns meses mas a desastrosa gestão de Manuel Damásio tinha já destruído metade da equipa vencedora e preparava-se para enterrar o resto. Artur Jorge era o nosso treinador mas não deixaria saudades.

Um jovem de 17/18 anos, acabado de entrar para a Universidade, não perdia uma única aula de Princípios Gerais de Direito, todas as segundas-feiras, às 9:30 no Palácio Burnay. A matéria nem era particularmente interessante, passava pelos fundamentos do nosso Estado de Direito, a Constituição, o Código Civil, etc, etc, etc. Claro que havia os míticos casos práticos em que Antónia casava com Bento, este morria sem dexar testamento e tínhamos que saber que partes da fortuna ficavam para a viúva ou para os filhos...

Mas era pelo professor que as aulas valiam a pena, pela forma como ligava o Direito ao dia-a-dia, aos eventos políticos e desportivos. Mais do que a mensagem, era o mensageiro e a sua forma de ser e estar.

O professor era Fernando Seara e foi uma das minhas referências na Universidade. Já na altura estava bastante ligado ao futebol e ao Benfica.

Apesar de não concordar com algumas das suas opiniões e achar que no mundo do futebol, ele é demasiado correcto e ético, o seu nome volta a surgir como hipótese para a presidência da Federação Portuguesa de Futebol. Muitas vezes chateava-me que perante representantes de outros clubes na televisão, Fernando Seara se mostrasse demasiado cordato e pouco determinado na defesa do Benfica.

Mas se há alguém que pode devolver a dignidade à FPF, essa pessoa é ele. E mesmo que não consiga fazer tudo a que se propõe, não terá dificuldade em ser melhor que os que por lá passaram nos últimos 20 anos. O poder instituído não irá na conversa e dificilmente o actual autarca de Sintra conseguirá ser eleito...

Ainda assim, apoio Fernando Seara!

M.

PS: Em 1994 eu tinha cabelo comprido e Seara, para além de um bigode à Poirot, tapava a careca com parte do cabelo que ainda lhe restava.... Ainda bem que esses tempos já passaram!

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